Èsú Bara

 Èsú Bara

“O Senhor das Encruzilhadas”

 

  Èsú é o primeiro da existência e, como tal o símbolo do elemento procriador é um multiplicador ao infinito. Elemento dinâmico, via de acesso, elemento de comunicação entre os homens e os Orisás, Èsú transporta, participa e expande tudo o que existe na natureza, o mais próximo do mundo terreno e mais perto do elevadíssimo espaço celeste por onde transita Orumilá. Èsú é o passado o presente e o futuro. É o processo vital de cada ser. Nele não há contradição, ele simboliza um todo nele está o bem e o mal. Èsú é a própria vida, é a dualidade, é a multiplicação. É a manifestação de tudo que existe.

 

  Èsú é o princípio dinâmico, e princípio da existência individualizada, Èsú não pode ser isolado ou classificado em nenhuma das categorias. Ele é como o Asé (que ele representa e transporta), participa de tudo. Segundo Ifá cada um tem seu próprio Èsú e seu próprio Olórun em seu corpo.

 

  Enquanto o homem respira pelas narinas, Èsú respira por todos os poros. Está associado aos elétrons, á energia, cuja grandeza se manifesta em toda a parte.

 

  Todo iniciado possui o seu Èsú, que alem de ter seu assento individual é representado também por um recipiente de barro denominado Kolobó, onde são colocados um Okutá (pedra Laterita) e 21 búzios. Que mas tarde este servirá para o assentamento do Èsú de seu jogo.

 

  Èsú é fiscalizador do Asé, das coisas que são feitas e do comportamento humano. Èsú é sempre a primeira divindade a receber as oferendas, justamente para que atue como um aliado e não como um rival que perturbe os procedimentos místicos desenvolvidos durante os rituais. Coerente com seu lugar mítico privilegiado. Nada se faz, nenhum ritual é realizado, sem antes agradá-lo. É ele o guardião, o intermediário. Na maioria dos mitos Nagôs Èsú é tido como o brincalhão das estradas, o mensageiro o encrenqueiro e o porteiro interesseiro.     

 

  É o senhor das encruzilhadas de três pontas (Oríta Méta).

  Èsú dança: Bátá, Bravum e Sató.

  Seu dia: as segundas-feiras, todos os dias são de Èsú.

  Sua saudação: Lároyê 

  Suas folhas: folha de bananeira, folha de fortuna, tiririca, carrapateira, unha de gato, picão da praia, folha de fogo, coração de negro, oro eira vermelha, urtiga e bredo.  

  Sua quizila: Àdim(óleo do coquinho do dendê).

 

  Como personagem histórica, Èsú teria sido um dos companheiros de Oduduwá, quando da sua chegada à Ifé, e chamava-se Èsú Obasin. Tornou-se mais tarde, um dos assistentes de Orumilá, que preside a adivinhação pelo sistema de Ifá. Segundo um Itãn, Èsú, tornou-se rei de Kêto sob o nome de Èsú Alákétu. É Èsú que supervisiona as atividades do rei em cada cidade: o de Oyó é chamado Èsú Akesan.

 

  Na África, nos limites das Cidades, se faz o assentamento de Èsú. Representado por uma pedra chamada Yanguí, por uma cabeça ou corpo humano modelados em barro com olhos, ouvidos e boca marcado por búzios, por pequenas estatuetas de madeira, enfeitada com fieiras de búzios. Ao se entrar na Cidade são colocados dinheiros, frutas e animais. É o assentamento coletivo, Odí Ilú, e o das casas de família, Odí Ilé. A pessoas na África que usam orgulhosamente nomes como Èsúbíyìí (concebido por èsú), ou Èsùtósìn (Esú merece ser adorado).

 

Èsú possui muitos nomes ou títulos honoríficos. Dentre:

 

  Logemo Orurn: Indulgente filho do céu.

 

  A n´la Ka'lu: Aquele cuja grandiosidade se manifesta em plena praça.

 

  Pápá Wàrà: Aquele que apressadamente, faz com que as coisas aconteçam de repente.

 

  A Túká Ma Se Sa: O que ele quebra em pequenos pedaços jamais poderá ser reconstituído.

 

  A palavra "Èsu" pode ser traduzida como esfera. Elégbára é um dos títulos honoríficos de Èxú que significa: "aquele que possui poder ilimitado", e Bara, Elégba e Légba são sinônimos ou corruptelas desta palavra.

 

  O nome de Èsú é conhecido, invocado e cultuado junto aos Orixás. E é Ifá quem revela e permite-nos nos saber qual é o nosso Èsú. O Ókótó representa o crescimento. Agbara, poder que permite a cada um se mobilizar e desenvolver suas funções e seus destinos. Por isso recebe o título de Elégbára, senhor do poder. Quem delegou esse poder a Èsú foi Olórun ao entregar-lhe o Ádó-iran, a cabaça que contém a força que se propaga. Esta cabaça está presente em seus assentamentos, é uma cabaça de pescoço grande e fino, e basta que Èsú apontá-la a algo para transmitir seu Asé.

 

  Èsú está profundamente ligado á atividade sexual. Representados por um Falo (pênis), ou suas representações simbólicas como: os penteados de forma fálica, sua arma, o Ogó (o bastão em forma de pênis), que tem a propriedade de levá-lo, em segundos, a quilômetros de distância e de atrair, através de magnetismo, objetos situados a longas distâncias. Já as duas cabacinhas que ficam penduradas na parte inferior, representam seus testículos.

 

  Èsú é sempre masculino e seus símbolos são fálicos. As estatuetas que o representam em seus assentamentos, possuem sempre um grande pênis em permanente estado de ereção, de tamanho exagerado.

 

  Èsú também está representado com objetos á sua boca, dedo, cachimbo e principalmente flauta, que vem representar a atividade sexual, como absorção, ingestação e restituição, com a flauta Èsú chama seus descendentes. Èsú jamais toma a forma de procriador.

 

  Èsú é astuto e sutil. Como feiticeiro, é extraordinário em seu poder. Nada é impossível para Èsú, ele tudo pode, tudo faz, muda-se constantemente, interminavelmente. Èsú é o princípio da transformação. É o ponto vital, o equilíbrio do Mundo. Nele estão contidas a ordem e a desordem, o jogo de búzios é feito á sua maneira. Ele transforma o imóvel no móvel.

 

  Com efeito, a relação entre Èsú e Orumilá, é indiscutível, e Èsú está representado em um dos principais emblemas característicos do culto a Ifá, o Òpón, onde Èsú tem sua representação em forma de rosto, de triângulo e losangos.

 

  Èsú é cultuado tanto como Lésè-Egum, como Lésè-Orixá, e apenas por seu intermédio é possível cultuar os Orixás e as Ywa mi Osorongá. O elemento procriado é a prova do poder das Ywa mi, é o pássaro Elèye.   

 

  Èsú fica á esquerda dos caminhos e daí controla a entrada e a saída de todo o tráfego. Assim seus lugares de adoração e suas representações se encontram nos caminhos que levam ás Cidades e ás Aldeias. Mas seu lugar favorito é a encruzilhada de três caminhos, Orita, onde os caminhos se encontram e reparte.  

 

  Èsú foi o primeiro a usar Akódide na cabeça, e foi isto que o tornou decano de todos os Orixás. Alguém que coloca Akódide na cabeça sem necessidade provoca a cólera de Èsú.

 

 

Esse é um dos trecho de uma de nossas Apostilas “O Candomblé e seus Mistérios”, falando sobre o Orisá Èsú dentro da Nação de Ketu.

 

Nesse mesmo trecho falamos de:

 

Como procede sua Iniciação;

Seu Oro N´pá;

Suas Ewé;

Seus principais Ebós de acordo com cada Caminho;

O preparo de seu Casebre, para recolhimento;

Falamos detalhadamente de todos os seus Caminho;

Como trazer Ésú para seu Egbé;

Arrumação detalhada  de seu Ajubó, tanto coletivo como particular;

Seus Oríkìs e seus Adúràs;

Os principais Ésú de um Egbé como Onã, Olonãn, Akesãn..

Aonde fica acomodado cada um de seus Caminhos;

Etc...

 

Enfim falamos tudo de que é preciso para sua Iniciação e seu Culto no Egbé, com uma gama de conhecimentos dentro da Nação de Ketu.

 

“Para aquele que não crê, nenhuma explicação é possível;

Para aquele que crê, nenhuma explicação é necessária”

                                                                                         (Prof: José Beniste)

 

 

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